Vá em frente, é comum optarmos pelo físico já que é algo até mesmo nostagilco que marcou nossa infância. Ainda hoje dói em muitos a forma especial pagar R$ 350 por uma versão digital. O formato físico tem vantagens, você pode emprestá-lo, doá-lo, vendê-lo ou jogá-lo pela janela. É um bem material. É um trunfo.
Outro motivo pelo qual é fácil defender o formato físico todos esses anos é por causa de uma musiquinha que ressoou muito quando nasceu o formato digital. Dizia-se que economizaria custos, pois não haveria necessidade de fabricar caixas, manuais, discos e preços de transporte. Mas o resultado final é que o jogo digital acabou custando o mesmo preço do físico, então não vi motivo para apostar nesse formato, além da comodidade que ele representa para alguns usuários.
Mas o que aconteceu nos últimos meses? Que, curiosamente, duas empresas cumpriram o que eu falei antes para economizar custos. Alan Wake 2 e Hellblade 2 são jogos de grande orçamento que vêm apenas digitalmente e ao preço de 50 dólares (R$ 270 na prática). Não vejo esses preços iniciais em sucessos de bilheteria há mais de dez anos. E acho curioso porque estamos habituados a que quando o mercado assimila alguma coisa, como preços de 70-80 dólares, ele avança. Como quando te falam que a coisa está muito ruim e o preço da comida sobe; Aí os problemas são resolvidos e os preços, porém, não caem. Bem, neste caso, pelo menos temos que garantir à Remedy/Epic e à Microsoft que eles fizeram isso. Perdemos o físico, mas voltamos a ter jogos 80 reais mais baratos que a norma atual.
Uma mudança do consumidor?
Isso significa que estou mudando de lado? Não exatamente, ainda gosto do formato físico, mas o que quero dizer é que poderia ter sido muito pior. Estas e outras empresas poderiam tomar a decisão unilateral de oferecer os seus jogos apenas digitalmente e a R$ 350. Então não somos tão ruins. Acho que nos esquivamos de uma boa bala e, além disso, os jogadores que optam apenas pelo formato físico têm a sorte de ter acesso a jogos mais baratos desde o primeiro dia. Praticamente o preço do primeiro desconto feito num game.
Claro, tudo isso abre múltiplos debates sobre quem é o verdadeiro dono de um jogo, o acesso ao compartilhamento ou venda de títulos digitais e até mesmo a preservação do game. Já acredito que os jogadores devem continuar defendendo o direito de posse de um produto adquirido, o que é a verdadeira guerra. Vejam as palavras de Philippe Tremblay, da Ubisoft: “Uma das coisas que vimos é que os jogadores estão acostumados, um pouco como acontece com os DVDs, a ter e possuir seus jogos. Essa é a mudança que deve ocorrer no consumidor”. se acostumaram a não possuir sua coleção de CD ou DVD. É uma transformação que demorou um pouco mais para ocorrer em nossa indústria. À medida que os jogadores ficam mais confortáveis nesse aspecto… eles não perdem seu progresso. Sim “Você retoma o jogo mais tarde, seu arquivo de progresso ainda estará lá. Ele não foi excluído. Você não perde o que construiu no jogo ou seu compromisso com o jogo. Trata-se de se sentir confortável sem possuir o jogo. “
“A mudança que deve ocorrer no consumidor…”. Não possuir o jogo significa não emprestá-lo, não vendê-lo, não poder jogá-lo pela janela.
Os preços ajustados são um bom começo, mas precisamos de mais direitos como os que temos com o formato físico. A opção Family Sharing do Steam é ótima e a criação de um mercado de licenciamento digital seria o último passo para que o usuário pudesse escolher o que fazer com o que compra. Mas a questão permanece no ar. O que você faria? Está disposto a aceitar jogos apenas em formato digital se forem mais baratos?