Não é algo novo, a indústria dos videogames está num momento crítico. Depois de mais de 10 mil demissões em 2023, este ano já nos deixou com mais de 7 mil empregos cortados em apenas dois meses. Quase nenhuma grande empresa é poupada, já que Activision Blizzard, PlayStation e Electronic Arts foram algumas das últimas a anunciar grandes ondas de demissões.
A pergunta que todos fazem é clara: o que está acontecendo na indústria de videogames com as demissões? Pode não haver uma resposta universal e cada uma tem seus motivos, mas é suspeito o fato de as demissões em todas elas estarem ocorrendo no mesmo período. Agora o conhecido jornalista e insider Jeff Grubb deu sua opinião sobre o assunto e resumiu perfeitamente, gerando debate no Twitter e também um grande consenso, a julgar pela quantidade de repostagens e curtidas que está obtendo.
Sem mais delongas, deixamos vocês com a opinião completa de Grubb, extraída de um tópico publicado em sua conta na referida rede social:
Stop calling it a video game crash. That implies that it's like some sort of uncontrollable force of the market. You can't have a crash (at least in the U.S.) when the market was up 4% yoy in 2023. That's the opposite of a crash! This is execs mimicking growth by cutting costs.
— Grubb (@JeffGrubb) February 29, 2024
“Pare de chamar isso de falência dos videogames. Isso implica que existe algum tipo de força incontrolável no mercado. Não se pode entrar em falência (pelo menos nos Estados Unidos) quando o mercado cresceu 4% em 2023 em comparação ano a ano. É o oposto da falência! Isto nada mais é do que executivos que fingem crescimento cortando custos.
A produção de videogames está obviamente tendo um ajuste de contas com a realidade agora. Mas a questão é que Microsoft, Sony e EA relataram lucros. A EA recomprou 2,5 milhões de ações. Eles obtiveram US$ 204 milhões em lucro no último trimestre. O que aconteceu é que o crescimento do financiamento de capital barato terminou por enquanto, então eles têm que fingir cortando empregos e evitando taxas de licenciamento (aposto que a EA ficou feliz em não pagar a FIFA). E como todos estão fazendo a mesma coisa, todos estão tentando acompanhar seus vizinhos.
Para ser claro: chamar-lhe falência faz parecer que a indústria não tem outra escolha senão fazer cortes duros para salvar o que puder. Quando na realidade este é apenas o crescimento normal, diário e trimestral do capitalismo que está lentamente a espremer toda a gente até à morte.”
A mensagem é tão catastrófica quanto realista. E embora ainda seja uma opinião ou um ponto de vista pessoal, muitos estão na mesma linha de Grubb, que em poucas frases resumiu a situação atual de uma indústria de videogames que continua apresentando receitas recordes e que também continua em seu onda dramaticamente imparável de demissões.
Claro que as situações são específicas para cada empresa, Activision Blizzard durante o processo de aquisição cresceu demais. A Microsoft pegou a editora com mais funcionários do quando anunciou a compra há dois anos atrás! O Playstation está em demissões em massa e fechando vários dos seus estúdios e suas contas não estão tão favoráveis quanto se pensava. São dois pesos e duas medidas, mas certamente o pós-pandemia pode ter contribuido para isso já que o consumo de videogames era maior no isolamento.
Grubb acerta que no geral isso não representa falência para ninguém, são meros ajustes de contas com a realidade.