Quanto vendeu a série One Piece da Netflix? A pergunta parece estúpida, porque a resposta é óbvia: “não vendeu nada, porque está incluído na assinatura da plataforma de streaming de vídeo”. Então, como você calcula o sucesso de One Piece? A Netflix tem métricas próprias, como número de assinantes que assistiram à série, número de quem assistiu até o fim, total de horas de exibição, rewatches, buscas relacionadas, ressonância nas redes sociais e tudo o mais. Hoje em dia, atenção é dinheiro, principalmente quando se trata de serviços de assinatura, que não vendem produtos avulsos, mas pacotes de conteúdo.
Quando a Netflix fala sobre o sucesso de uma de suas séries, não há muita discussão sobre se ela está certa ou errada. A plataforma não tem motivos para mentir, ou seja, fazer passar um produto que fracassou como um produto que deu certo. Além disso, há evidências muito claras que demonstram certas afirmações, como a confirmação da segunda temporada de One Piece, que por si só explica muita coisa (milhões de dólares não são gastos em produtos que não garantem o desempenho esperado).
Na verdade, para o mundo das plataformas de streaming de vídeo muitos dos conceitos expressos são tidos como certos e não se começa a levar em conta, por exemplo, quantos Blu-Rays a menos uma determinada série vendeu porque foi colocada diretamente no serviço. O produto é simplesmente outro.
Não está claro por que ainda existem dúvidas a esse respeito na indústria de videogames. Vejamos o exemplo de Starfield: muitos ainda estão lá para distinguir as vendas do acesso via Game Pass, o que implica que o jogo não teve o sucesso declarado porque muitos certamente o terão jogado através deste último…
Então? Deveríamos presumir que a Microsoft investiu bilhões de dólares no Game Pass esperando que as pessoas não jogassem nele e saíssem para comprá-los de qualquer maneira? E se isso acontecer, ao pagar a assinatura, ainda não é um sucesso porque talvez as cópias vendidas sejam menores do que o jogo teria feito sem o Game Pass? Então, por que a casa de Redmond concentraria tudo no serviço? Por que ele tornaria isso central em sua comunicação? Por que ele colocaria seus jogos first party lá no lançamento se pensava que isso os penalizaria? Ainda não está claro que o seu objetivo é vender assinaturas e mantê-las ativas pelo maior tempo possível?
Starfield foi jogado por 10 milhões de pessoas duas semanas após o lançamento. Evidentemente para a Microsoft esta é uma das métricas fundamentais do sucesso do jogo, justamente em relação à existência do Game Pass. Obviamente vendeu menos cópias, mas paradoxalmente para a casa de Redmond é melhor assim. Na verdade, é provável que se tivesse vendido 10 milhões de cópias e ninguém o tivesse jogado no Game Pass, então teria sido um problema, porque significaria que o serviço não funcionaria.
Então, lidar com cópias perdidas e assim por diante não faz muito sentido se não começarmos a considerar o Game Pass como o foco principal do Xbox e não como uma coisa alienígena que está lá apenas para compensar números em relação ao mercado tradicional.